quarta-feira, 29 de junho de 2011

Talvez Amanhã Encontre Meu Caminho Para Casa.

   Despertei-me no meio da madrugada, afoito, necessitando dizer-te que do teu olhar nunca esqueci, o teu cheiro ainda posso sentir. Mas, o teu corpo não posso acariciar. É de outro. Contudo, ainda o almejo. És o meu sonho de garoto...

  Sim, questionei-me, busquei entender o que é errado. Mas, há coisas que não são feitas para entender. E quanto mais o teimar demora, a distância aumenta. Sabias que o meu coração carece demasiadamente de ti? Um homem pode amar várias mulheres. Um rapaz pode apaixonar-se por várias moças ao mesmo tempo. Mas, no coração de um menino, somente uma menina perdurará.

  Não foram poucas às vezes em que me intriguei sobre o amor. Recentemente esperançoso, outrora magoado. Sou eu quem defino o dito-cujo. Diversão, perseguição, compaixão. Pode ser tudo. Só não pode ser Eu-Isso! O amor é alguém. O amor é tu. Se não entenderes, compreendes! O amor é Eu-Tu...

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Xadrez De Filósofos (Movimento Dos Peões).

Branco: Quem é o anônimo que modifica o mundo, todavia não conheço?

Preto: Pode ser você mesmo ao formular esta pergunta, ou quem levou os seus pensamentos a ficarem inquietos.

Branco: O que é ficar inquieto?

Preto: Não existe ociosidade mental. Se você está vivo, pensa, e se pensa, jamais se contentará com outro pensamento - poderá achá-lo agradável, mas nunca o suficiente.

Branco: Por isso os sábios apaixonam-se pela dúvida...

Preto: Na verdade, eles não são apaixonados pela dúvida, só se sentem mais ricos em poder expressar o seu Eu num simples "por quê?".

Branco: Entendo... a indagação de autoconhecimeto é infinita, pois a vida contempla-nos com ilimitadas experiências. No entanto, poucos enxergam seu real império. Por quê?

Preto: São muitas as razões, mas uma das mais temidas é a de não gostar de se autoconhecer. Não necessariamente por medo ou vergonha, mas pelo velho receio de mudar e não saber se a mudança valerá a pena...

Branco: Olhe para a Terra. Percebes o rumo em que ela navega? Conflitos em prol de poder elevam-se junto à tecnologia. Falta amor, sobra rancor. O erro não é ter medo de arriscar, mas em acomodar-se com o que está. Ou será sempre preciso que aconteça algo terrível para que o Homem desperte?

Preto: Então desperte! A Terra não é levada a navegar em ondas turbulentas. Ela é quem dita o seu rumo. Ou esquecestes que a Terra é um ser vivo, e que tudo o que fazemos (ou podemos fazer), jamais irá atropelar as leis da natureza? Nós, seres-humanos é que vivemos nos adaptando ao que Ela nos dá. Pensar na sua destruição como se fosse algo simples, é muita ingenuidade. A humanidade sempre presenteará este planeta com mentes iluminadas, lutando contra bravos guardiões de uma legião de ignorantes fatalistas, que por falta de um pouco de luz só enxergam as trevas (dos seus próprios medos).

Branco: Nós anônimos questionadores, somos o farol dos poucos olhos que estão abertos. Os poderosos tentam ao máximo alienar-nos, seja atráves de governo, religião e até educação. Sim, cada vez mais formam-se mentes passivas, psicóticas e submissas. Nossas psiques precisam urgentemente de uma revolução. Há poucos iluminados, alguns pessimistas e muitos condescendentes. De que lado você está?

Preto: Devo matar-te para responder, ou ser livre para contigo arriscar-me a morrer?

Branco: Quem não se arrisca pela própria liberdade, morto já está. Sois então um farol como eu, que a ti me arrisquei e comecei a viver.

Preto: Por que devo ser diferente de ti, para eu te ser um risco? Não consegues ver-me além das aparências?

Branco: Perdoe-me. Frágil por natureza, desconfio por sobrevivência. Ameaço por instinto, mas amarei-te como amigo. Deixemos que os outros joguem, concordas?

Preto: Plenamente, pois não somos os únicos em importância neste jogo...


quinta-feira, 16 de junho de 2011

Psique.

   Eu que vagueio colecionando corações alheios, faço esquecer a essência de meu peito. Outrora mole, presentemente pedra. É tempo de abrir-me, fazer confidências. Com o coração nas mãos, toda a sinceridade e o máximo de empenho, te deixo, coração artificial.

   Mais que um órgão oco envolto pelo pericárdio,  longe desse insensível gelo, Eu clamo aos ventos da generosidade menos capital e mais terra. Deveríamos nadar pelos rios da compaixão, e não afogarmo-Nos no redemoinho do egoísmo. Quero ensinar-lhe à deixar acesa a chama do amor, para não te queimares com a paixão. Derreter-te com emoções é o que almejo, sei que tens sede à afetividade, pois és igual a mim. 

   Você vai me ouvir ou precisará sofrer para entender que somos um só? Pare de viver pela metade. Correndo, perdendo. Castigando-se. De que adianta saber, sentir e não seguir? Você pode experimentar tudo. Mas, se não confia em Mim, não confia em ninguém. Nem em você mesmo.

   Transparência enaltece, atraindo pessoas que venham a compartilhar, e assim somar a vida conosco. Deixe de ser um colecionador de mágoas e torne-se um semeador de idéias. Expulse a inospitalidade que há em você, dê lugar à sabedoria. Ame-se psique...

domingo, 12 de junho de 2011

Eu Não Sei Quase Nada, E Assim Sei Quase Tudo.

   Dizem que um bom texto é fruto de um escritor centrado. Eu concordo e acredito que palavras belas saem de uma estranha elegância interior. É preciso estar tranquilo para passar sabedoria. É necessário ser humano para entender tal...

   Às vezes eu não durmo. Unifico o dia e a noite, e assim sigo elétrico em busca de algo. Talvez uma emoção, uma resposta, visão de futuro ou observação profunda. Geralmente enxergo essa intuição, sempre aumentando ou relembrando percepções. E hoje não foi diferente...

   O sonâmbulo, então, resolve sair de casa para tomar café. Acompanhado de um livro e um reprodutor musical, cantarola pelo caminho. Ao chegar, aproxima-se esfaimado ao caixa. E na fila do pão acontece o primeiro desentendimento do dia. Funcionária desgastada e senhora impaciente raramente dão certos. Progressivamente, energia negativa espalha-se pelo local e pessoas não equilibradas são afetadas. Logo, os senhores da razão almejam a última palavra, e eu apenas um pão. 

   Lembrei-me então, de uma percepção: Toda energia emanada, navega e perpetua-se no cosmo. Lavoisier não poderia ser mais objetivo ao afirmar que: ''Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.'' E assim o fiz. Deixei todos que ali estavam, passar-me a frente. A apressada dona de casa era a única à minha frente, e fitou-me os olhos. Ao sorrir, estendi a mão. Porque servir é liderar. E assim o ambiente muda. A senhora reencontrou sua paciência, a funcionária resgatou suas forças e as outras pessoas humanizaram-se, enfim. 

   Apesar de sozinho, meu café da manhã foi incrível. Melancia, três pães de queijo, café com leite e chantilly. Mas, foi meu livro que mais me alimentou. E eu queria mais indagação, mais percepção. Fui, então, a praça para continuar minha inserção. Estava eu à procurar um banco sereno para minha leitura, quando deparo com a realidade ali exercida. O comportamento não diz tudo, mas revela muito. Podia não ter passarela, mas era um desfile e tanto.

   Pude observar vários modelos. Havia a moça e seu pobre cachorrinho, este era apenas um troféu. Seguido de ambos, veio um casal, e a mulher tropeçou. Eu não a culpo por olhar somente para seu parceiro e esquecer de si mesma, mas fico compassivo ao perceber que o homem olha para tudo, menos para sua parceira. Olhou até a cocota, uma jovem cheia de arrogância e futilidade que ali passeava, ou melhor, divulgava-se. Assim como os  Johnny Bravo que ali corriam. Os manequins olhavam de modo incomum para mim. Sempre que nossos olhares cruzavam, eles desviavam-se. Acho que eles nunca leram um livro...  

   Passou-se 5 capítulos e eu decidi que era hora de voltar para minha residência. É fato que as melhores coisas acontecem quando menos se espera. Estava eu, ajeitando meu boné, quando um senhor de cadeira de rodas, guiado por um enfermeiro, encontra problemas em seu meio de locomoção. Eu tinha de ajudar. Nós conseguimos, nos relacionamos. O idoso, apresentava sequelas físicas, mas era dotado de sanidade mental. O jovem profissional cansado, foi beber água de coco. E em uma simples conversinha eu pude perceber algo valioso diante ao senhor que com dificuldade expressava e compartilhara sua vida, em maioria egoísta: o tempo.

   O enfermeiro retorna e despeço-me de ambos. Meu dia apenas começou. Assim como a vida ocupada do casal que passeava junto ao filho e seu carrinho. Os três eram os últimos modelos na passarela. O pai, a mãe e o carrinho. Somente um ser humano estava em equilíbrio com sua essência, e assim com as demais. O bebê não só foi o único a não desviar o olhar, como também foi o único líder. Sim, ele sorriu e deu-me a mão. E todos que estavam ao redor serviram. E nesse caso refiro-me a abraços, beijos e carinho. O pequenino era um líder do amor.